Rigor, ciência e responsabilidade: Dia do Perito destaca a importância da ciência no auxílio à justiça 04/12/2025 - 15:17

Coragem e conhecimento técnico caminham lado a lado na rotina de um perito criminal. Nesta quinta-feira (4) celebra-se o Dia do Perito, data que destaca a relevância desses profissionais na elucidação de crimes e na produção de provas confiáveis. Responsáveis por análises de locais de crime à perícia digital e laboratorial, os peritos desempenham um papel estratégico para o funcionamento do sistema de justiça e para a segurança pública.

“A lei diz que sempre que a infração deixar vestígio, é obrigatório o exame pericial. Neste sentido, o perito oficial criminal atua para analisar, identificar, coletar e processar esses vestígios, transformando-os em provas materiais que subsidiarão os procedimentos criminais. Com provas qualificadas e robustas a chance de se efetivamente fazer justiça aumenta, fortalecendo o combate à impunidade”, destaca o diretor-geral da Polícia Científica do Paraná (PCIPR) Ciro Pimenta.

O exercício da perícia criminal exige não apenas domínio técnico, mas também uma conduta de rigor metodológico e compromisso ético. No cotidiano, os profissionais lidam com cenas sensíveis, evidências frágeis e situações de alta complexidade, nas quais qualquer procedimento incorreto pode comprometer uma investigação inteira. Por isso, a formação contínua, a capacidade de análise crítica e o equilíbrio emocional tornam-se competências indispensáveis para quem atua na linha de frente da verificação de um vestígio criminal.

“O perito deve focar em uma atuação técnica e discreta”, ressalta o diretor da PCIPR. “A perícia criminal é o instrumento essencial no auxílio à justiça, por isso os profissionais devem estar bem cientes do propósito que envolve sua missão profissional, equilibrando suas percepções pessoais e culturais para conseguir mitigar os fatores emocionais e entregar um bom resultado — sempre atuando com técnica e rigor científico em busca da verdade”.

Além da atuação direta nos locais de crime, o profissional desempenha um papel decisivo na interpretação dos vestígios, transformando dados brutos em informações compreensíveis e tecnicamente embasadas para autoridades policiais, Ministério Público e Justiça. Cada laudo entregue representa a síntese de métodos científicos, análises comparativas e verificações minuciosas. É esse cuidado na construção da prova que garante maior segurança às investigações e contribui para decisões mais assertivas no processo penal.

INOVAÇÃO E MODERNIZAÇÃO — O avanço tecnológico também reposicionou o trabalho pericial no Paraná. Apenas nos últimos cinco anos foram investidos mais de R$ 70 milhões em equipamentos de ponta, com destaque para as áreas de balística — na qual o Paraná foi o primeiro estado a integrar o Sistema Nacional de Análises Balísticas — além de genética, computação, toxicologia e química forense. A modernização dos laboratórios ampliou o portfólio de exames, elevou a precisão das análises e permitiu uma atuação mais integrada com universidades, forças de segurança e órgãos do sistema de justiça, colocando o estado em evidência no cenário nacional e internacional.
Em outubro, a PCIPR realizou a posse dos profissionais contemplados na maior nomeação da história da instituição. Foram empossados 52 técnicos de perícia e 106 peritos oficiais que reforçaram o efetivo em todas as regiões do Estado. Com os novos servidores, o quadro da instituição ultrapassa os 700 profissionais. Esse incremento histórico representa um marco para a Polícia Científica, garantindo maior agilidade, precisão e modernização nos trabalhos periciais em todo o Estado.

Uma vida dedicada à ciência: a trajetória da perita Nadir de Oliveira Vargas

Entre as histórias que ajudam a construir a identidade da Polícia Científica do Paraná, está a da perita oficial criminal Nadir de Oliveira Vargas, que completa mais de três décadas de atuação na instituição. Nomeada em 1994, quando a perícia ainda integrava a estrutura da Polícia Civil, ela iniciou sua trajetória na Seção de Documentoscopia e Grafotecnia — setor ao qual permanece vinculada até hoje, atuando como chefe da Seção e movida pela mesma curiosidade e rigor técnico que marcaram seus primeiros dias de trabalho.

Ao recordar o início da carreira, Nadir descreve um ambiente em que tudo parecia “cercado de algum mistério”. Sob a orientação de peritos experientes, cada conclusão técnica observado por ela tinha algo de extraordinário, como um quebra-cabeça científico que se desenhava.

A perita também testemunhou transformações profundas no trabalho criminalístico, especialmente a transição do analógico para o digital. Ela relembra a época em que os laudos eram datilografados a partir de rascunhos manuscritos e revisados com extremo cuidado, em um processo artesanal que incluía correções com fitas de tinta branca. As imagens anexadas aos laudos dependiam de filmes fotográficos, usados com parcimônia devido ao alto custo. Hoje, a abundância e precisão das imagens digitais e dos sistemas modernos de análise redefiniram a qualidade e a agilidade do trabalho pericial.

Apesar das mudanças tecnológicas, Nadir reforça que a essência da profissão permanece a mesma: produzir prova material confiável e cientificamente embasada, capaz de oferecer à Justiça os elementos necessários. Olhando para o futuro, a perita espera que as próximas gerações ingressem na carreira com dedicação e propósito. “Espero que busquem fazer o melhor uso possível dos seus conhecimentos científicos, aliados às constantes inovações tecnológicas.

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